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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Feliz Natal! Que venha 2012! Até a volta!

Hoje, dia 22/12, estou indo passar as festas de final de ano com a família, minha e do marido, no sul de Santa Catarina. Ainda voltamos aqui para SVP no dia 02/01/2012, para então, a partir do dia 14/01/2012 irmos para Porto Alegre esperar a chegada do Pedro.

Gostaria de desejar um lindo natal a todos que por aqui passarem, um ano novo maravilhoso e já explicar que nos próximos dias ficarei desplugada do mundo bloguístico. Retorno em 2012, antes do Pedro nascer! Ou pelo menos assim espero!

Se eu puder ousar pedir alguma coisa a vocês, que seja o envio de boas energias neste início de ano, para que nossa família possa aguardar a chegada de seu mais novo integrante com tranquilidade e muito amor!

Que assim seja!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O xixi, a cor, o soldado e a vassoura.

Tá, eu vou ser a chata das questões meninas e meninos, não tem jeito, sempre fui assim. Eu gosto de questionar, a mim mesma também, pois eu tenho diálogos internos onde eu mesma apresento minha teoria e eu mesma a derrubo com contra argumentos. Loucura? Eu chamo de "uma mente a frente do seu tempo", aproveitando para copiar descaradamente a Anne, que deve estar babando no filhote Tomás.

As diferenças na educação de meninas e meninos sempre me chamou a atenção e me revoltou deveras. Eu sempre fui grata pela minha mãe nunca ter tido um filho homem, do contrário teríamos acrescentado mais questões a serem discutidas entre nós. Estresse desnecessário!

Como já disse antes, ao me ver grávida de uma menina, eu naveguei em terras calmas, mundo conhecido. Eu sabia exatamente o que eu queria e não queria na educação dela, e os resultados que eu almejava alcançar com esta ou aquela decisão.

Por exemplo: eu não acho admirável mulheres consumistas, que fazem parcelas e mais parcelas para comprarem sempre roupas novas, maquiagem, acessórios, que estejam sempre preocupadas com a estética, com sua imagem, com a estria e a celulite, que não se sintam bonitas sem estarem maquiadas, escovadas, cheias de brincos, pulseiras e afins. Sinto tédio em conversas sobre dietas, artistas, roupas e sapatos (mas eu amo sapatos, deixo registrado!). Esclarecendo: eu acho lindo uma mulher feminina, discreta, que saiba se vestir com elegância, sem exageros e que não seja escrava da moda e da beleza. Minha ação é não incentivar este tipo de comportamento na minha filha: maquiagem não, esmalte não, roupas cheias de frufrus não, sempre ter que sair com penduricalhos não, roupas infantis que imitem de adulto não, salto não, biquini minúsculo (pasmem, eu sofri para achar um que fosse infantil e que tapasse a bunda da Ísis, o ó) e com modelo de adulto não, brinquedos que imitem salão de beleza e afins não, aniversário em salão de beleza não.

E, como é sabido, estou esperando um menino...um menino...e o que eu quero para ele? O que eu quero incentivar/desincentivar nele? Que homem eu desejo que ele seja no futuro? Eu olho as minhas referências masculinas...melhor parar! Vamos começar do zero então. Meu marido é minha melhor referência masculina, mas forçoso é admitir que muito do que admiro nele hoje eu tive que brigar para conseguir desde o início do nosso namoro. São anos de conversas e mais conversas sobre um mundo muito diferente do dele. Depois do nascimento da Ísis então...tive que lutar muito contra essa idéia de que homem não sabe cuidar de filho e incentivar/obrigar todo e qualquer cuidado que não fosse amamentar.

Se eu tivesse outra menina, eu trilharia caminho mais conhecido, eu já tinha angariado conquistas na divisão de responsabilidades com meu marido, ao menos o início não seria tão complicado.

E chega o Pedro, esse serzinho que ainda não conheço, mas que já está balançando minhas convicções e trazendo à tona novas questões, ótimas questões eu diria. Os filhos, realmente, nos fazem progredir.
...

O XIXI

Da minha sala no trabalho eu vejo uma cena: um menino de uns 3 ou 4 anos com o pinto para fora regando o canteiro. Olhando o feito, a mãe. Detalhe: há dois banheiros bem em frente ao canteiro. Um grupinho de homens observa a cena: o motorista da unidade e 2 auxiliares de serviços gerais. Um diz: olha o guri! Não tem banheiro aqui? Os outros dois tiram sarro dele e defendem a regada de xixi do menino. E eu fico pensando: e se fosse uma menina acocorada fazendo xixi no canteiro, quando há dois banheiros à disposição? Seria um comportamento aprovado?

E aí alguém pode (e sempre falam) falar que é mais fácil para o menino, que não tem coisa melhor que fazer xixi de pé no canteiro e tals. Mas eu pergunto: fazer xixi/coco em público é um comportamento aceitável? Porque aquele pênis infantil um dia será um pênis adulto que achará normal e aceitável sair de dentro das calças em público porque precisa "aliviar", mesmo na presença de banheiros.

Em Joinville eu briguei com um pai na pracinha que deixava seu filho fazer xixi na árvore, ao invés de levá-lo ao banheiro. Se fosse sua filha, você a incentivaria a baixar as calças e fazer xixi ali mesmo? Ou você a levaria para o banheiro? O xixi dos meninos é mais limpo e cheiroso que o das meninas? Ou mostrar o pênis do menino não tem problema, mas a vagina tem?

Só para constar: emergências xixizísticas existem, e ninguém escapa delas.
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A COR

Como eu já disse, o Pedro herdará da Ísis algumas roupinhas, e como não poderia deixar de ser, há muito rosa nelas. No final de semana estamos arrumando as roupas quando marido percebe os tons de rosa em alguns bodys, calças e tip tops. Logo brada um "filho meu não usa rosa", no que é veementemente censurado com um "filho nosso usa rosa sim, a Ísis não usou azul, por acaso?" Há!

Conversamos sobre as cores. Eu ajudei meu marido a descobrir que cores não tem sexo, minha gente! Rosa é só uma cor, azul é só uma cor, e tanto o rosa pode estar numa roupa masculina - e aqui cabe frizar que obviamente não separei as roupas da Ísis tipicamente femininas, mas aquelas neutras - como o azul pode estar numa roupa feminina!

Repitam comigo: rosa é só uma cor! Ela não tem sexo! Você pode chamá-la de A COR ROSA, ou pode chamá-la de O TOM DE ROSA! A ou O, você escolhe! Azul também é só uma cor! Ela não tem sexo! Você pode chamá-la de A COR AZUL, ou pode chamá-la de O TOM DE AZUL! A ou O, você escolhe!

Cores não tem sexo. Cores não tem sexo. Cores não tem sexo. Cores não tem sexo. Cores não tem sexo. Cores não tem sexo. Cores não tem sexo. Cores não tem sexo. Cores não tem sexo. Cores não tem sexo.
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O SOLDADO E A VASSOURA

No mesmo dia da arrumação do quartinho e logo após a constatação de que cores não tem sexo, como fazia uma tarde chuvosa e faltava emoção aquele domingo, iniciamos, eu e marido, uma conversa sobre brinquedos de meninos.

Com o tom taxativo que me é peculiar eu avisei que confiscaria os bonecos e brinquedos de guerra. Super heróis estão aprovados (com ressalvas) porque há toda uma mensagem do bom contra o mal que considero super válida. Mas de guerra, não. Tanque de guerra, não. Espada, não. Arma de brinquedo, não. Cowboys X índios, não. Desenhos violentos, não. Brincadeiras violentas, não.

Marido não concordou e defendeu seu ponto de vista, muito bem defendido aliás! Ele é muito bom na argumentação. São brinquedos típicos do mundo dos meninos, meninos gostam disso, ele brincou muito e não é violento. Eu havia dado um jogo de chá para a Ísis (rosa e lilás), ela havia ganhado uma vassoura e eu não havia confiscado, mesmo não gostando deste tipo de brinquedo para menina.

Tudo verdade! Mas aí eu tive que explicar melhor: sim, eu não gosto da obrigatoriedade destes brinquedos serem unicamente direcionados para meninas (e tudo rosa ou lilás), mas eu mesma considero normal e saudável o interesse da CRIANÇA e não apenas da menina por este tipo de brincadeira. Normal, as crianças nos imitam, nós cuidamos da nossa casa, cozinhamos, lavamos, passamos, faz parte do nosso dia a dia. Cuidamos uns dos outros.

Mas não guerreamos, não usamos armas, espadas, não exterminamos índios, não atiramos bombas nucleares em pessoas que pensam diferente de nós, não nos consideramos superiores aos outros e tratamos de exterminar/escravisar os diferentes de nós..., ao menos, não deveríamos fazer/ter feito nada destas coisas!

Para mim, este tipo de brinquedo incentiva este tipo de pensamento. Não é determinante, concordo, mas como não sei que tipo de pessoa o Pedro será, vou cuidar da parte que me cabe: educá-lo para ser uma boa pessoa, com bons sentimentos e respeito ao outro. Não quero que meu filho seja um machão, quero que ele seja um homem de bem.

Para terminar eu perguntei sobre o fato de não darmos brinquedos de "beleza" para a Ísis, ou comprar roupas que imitem a de adulto. Porque incentiva uma sexualização e vaidade desnecessária precocemente. Nisso concordamos os dois. Se ela vai ou não ser vaidosa ao extremo, ou ter sua sexualidade precocemente desenvolvida, enxergar a si mesma como um objeto de desejo masculino, eu não posso saber, mas eu posso não incentivar.

Brincadeiras de guerra incentivam a violência e a intolerência em todos os sentidos. Se o Pedro vai ser uma pessoa violenta e intolerante, eu não posso saber. Mas eu posso não incentivar.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Pedro...


Roupinhas no varal...

...este final de semana estávamos arrumando alguns detalhes do seu futuro quarto - guardando as roupinhas recém lavadas em saquinhos e separadas por tamanho, pregando alguns quadrinhos na parede, montando o abajur, arrumando a porta do antigo armário reformado, e que apesar da tentativa do seu pai de deixar "100%", permaneceu com um nhec nhec a cada abertura de porta.

Eu não pude deixar de me lembrar da arrumação do quartinho da sua irmã: a pintura feita pelo pai e os tios que estavam de visita, o papel de parede colado por mim, meio torto, mas muito lindo, a arrumação das roupinhas no armário, ajudada pela tia Dani.

E um pensamento me veio à cabeça ao ouvir sua irmã dizendo os nomes dos objetos que animavam os quados do imãozinho: o tlem, o uisso, o cavalo, o avião e o baico. O seu quartinho já vem carregado de boas energias, de bons pensamentos e boas lembranças muito antes de você nascer.

Antes dela nascer, o quarto que ela habitaria guardava muitas expectativas, muitos sonhos, mas não era recheado de lembranças, de vivências, de calor. Isso só aconteceu depois, quando ela nasceu e passou a preencher cada centímetro da casa.

Já o seu cantinho, tão carinhosamente decorado e arrumado, já está cheio de amor! Este calor eu pude sentir neste final de semana quando nós três estávamos lá, dando os últimos retoques em tudo. Já somos uma família, nós quatro.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O acelerador de pulmões

Ontem foi minha última consulta com a minha obstetra aqui de SVP. Dia 22 vou a POA consultar o obstetra que estará no meu parto e depois as últimas consultas seguirão com ele.

Durante nosso rápido bate papo averiguamos pressão, excelente, glicemia (de jejum e a curva) excelente. Perguntei sobre o muco, que percebi, já começou a sair. Normal, ela disse, tem mulheres em que o muco começa a sair com mais antecedência. Peso legal, 11 kg até aqui, na 34a. semana. Minha expectativa é ficar nos 14kg ganhos na gravidez da Ísis, mas sem estresse. Já tenho muito com que me preocupar, o peso não será uma neura nesse finalzinho de gravidez.

E lá pelas tantas ela me diz que vai prescrever a injeção tal. Eu não entendi, ela disse novamente o nome da injeção. Eu achei que fosse a preventiva do fator Rh, não era. A injeção era de corticóide, para acelerar o desenvolvimento dos pulmões e eu estava na semana ideal para usá-la: semana 34. É um procedimento padrão preventivo, segundo ela, usado amplamente por seus colegas obstetras. Ficou abismada de eu não ter usado na primeira gestação para prevenir qualquer problema respiratório caso a Ísis nascesse prematura.

Pensei zilhões de coisas em milésimos de segundo. A principal foi ser muito grata ao dia em que meu marido me incentivou a estudar para concurso público, ao invés de prestar novo vestibular. Meu salário me garante o poder de arcar com as minhas decisões, e uma delas foi não parir em SVP.

Argumentei educadamente que não usaria a injeção, porque faria parto normal, esperaria o momento em que meu filho estivesse pronto para nascer. Também não havia qualquer indício de possível nascimento prematuro na minha gestação e eu estava indo para POA na semana seguinte. A partir dali meu obstetra de lá tomaria as decisões.

Ela ficou sem graça, disse que não era obrigatório, claro, era uma "prevenção" padrão usada em todas as suas gestantes...

Prevenções padrão são usadas desnecessariamente todos os dias...o que não se fala é sobre os problemas causados por essas prevenções em bebês e mães saudáveis, sem necessidade delas.

"Olho vivo, ouvido aberto, prá não se deixar levar,
Por promessas mirabolantes e mentiras te enganar!"

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A boletinha tá esperando tétinho...



Você desenvolveu uma brincadeira com as mãos muito bonitinha! Agora, sempre que você pede seu tétinho de iaiate - mais precisamente quando você acorda, antes da soneca da tarde e antes de dormir - enquanto espera a mamadeira, você junta a base das mãos imitando asas batendo, faz um fush-fush com os lábios, para imitar o som das asas ao vento e sempre diz: a boletinha tá esperando o tétinho dela!
...
 Minha nova palavra preferida é guiulo = grilo! No final do dia, quando os grilos começam a cantar pelas redondezas, você sempre pergunta: cadê o guiulo, mamãe?
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Tá, guiulo é minha palavra preferida no momento, mas adoro ouvir o pitótero = helicóptero, muxcá = buscar, cucurar = procurar.
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Uma noite dessas havia um saco de tecidos sobre a minha cama, tecidos esses que serão usados para confeccionar uma cabana para você em sua cama beliche. Você abre o saco e retira os tecidos um a um até encontrar um branco, com textura parecida com sua mantinha branca. Ao pegá-la na mão, abraça feliz e diz "ah, uma mantinha!", para logo em seguida me olhar sorrindo e completar "é a mantinha do Pledo!". Morri, né? O Pedro ainda não tem mantinha...

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Meninas x Meninos

Um dos assuntos que fervilham a minha mente desde que me vi grávida de um menino é justamente essa segregação entre os gêneros, essas diferenças embutidas em nossa sociedade, internalizadas em frases, em observações, em novelas, filmes, comerciais de TV.

Quantas dessas diferenças entre os gêneros são realmente fruto de nossa biologia, nossa composição corporal e quantas são fruto do que nós, adultos, introduzimos na educação de nossos filhos ao longo dos séculos?

No caso dessas últimas, o que fazer? Seguir a maré, afinal nossos filhos farão parte desta sociedade, ou revolucionar, botar para quebrar e reavaliar toda e qualquer atitude na educação dos mesmos? Quais as consequências disto num futuro nem tão distante?
...
Quando estava grávida da Ísis e descobri que ela era a Ísis e não o Pedro, eu me senti calma, pisando em terreno conhecido. Eu sou mulher, teria uma filha mulher, que viveria no mundo seguindo caminhos parecidos com os meus, passando pelos mesmo problemas e tals.

Já nessa época eu me irritei profundamente com as lojas de roupinhas, acessórios e brinquedos de bebês porque tudo que minha filha teria estava fadado a ser rosa, lilás ou branco. Raramente e pagando muito bem, apareciam uns azuis turquesa (com rosa), uns vermelhos (com branco), uns verdes (com lilás). Muitos laços, borboletas, babados e pedrinhas brilhosas compõem o restante do visual.

Que fique claro, eu não sou contra um visual feminino, ao contrário, eu acho lindo; o que me irrita é a segregação, a falta de opção de uma bola num vestido, um urso de bicicleta num body, uma pipa numa jaqueta de moletom...me irrita a vendedora antes de mais nada me perguntar se é para menino ou para menina e conforme minha resposta me mostrar um lado da loja totalmente rosa ou outro totalmente azul!

Nas seções de brinquedos então, eu sempre surto! Por que as meninas tem que brincar de cuidar de bebês, cozinhar, lavar, passar, varrer, se maquiar, emperequetar e tudo em rosa ou lilás? Prá mim não dá!

Vejam bem, não sou contra o fato da criança (seja ela menina ou menino) brincar disso. Acho natural, normal, válido, etc. Mas sou contra esse tipo de brincadeira ser direcionada apenas para as meninas, tipo "esse é o seu papel, é isso que você faz e preferencialmente em rosa ou lilás".

Não há carrinhos (por quê? mulheres não dirigem?). Não há jogos de ferramenta (por quê? mulheres não precisam saber se virar sozinhas, trocar uma lâmpada, rejuntar o banheiro, trocar o gás, entender a mecânica do seu próprio carro ou saber instalar sua máquina de lavar louças?).

Eu evito esses brinquedos para a Ísis, sério mesmo, porque ela já ganha dos outros. Então eu procuro dar outras coisas, mas já dei um joguinho de chá (rosa E lilás porque não achei outras cores) e ela amou. Brinca muito, assim como brinca de massinha de modelar, de carrinho, de desenhar, com blocos coloridos, de bola, de balão, com instrumentos musicais e tals.

Eu queria dar uma motoca para ela de natal, o pai cogitou uma cesta de basquete (!), porque ela adora arremessar a bola e fazer "cesta" no cesto de roupas sujas. Acabamos comprando uma viola crioula, que é tipo um violão de verdade, de madeira, com cordas de verdade, só que em tamanho infantil, porque ela brinca de tocar violão com tudo que pega na mão, assim como tocar flauta, tocar tambor...

Quando soube que teríamos o Pedro, um dia no jantar marido me larga essa "agora terei alguém para ver os jogos do coringão comigo!".

Juro que surtei (notaram como eu ando surtada?) lançando aquele olhar fulminante e no auge dos meus hormônios gravídicos bradei que ele parasse com aquela besteira de separação de gêneros desde já! Que ele nunca ousasse afastar a Ísis de atividades porque ela é menina! Humpf!

Ele me explicou calmamente que seria mais natural o menino acompanhá-lo ao futebol e a menina me acompanhar ao salão de beleza (oi? a comparação correta aqui seria à aula de balé, que é atividade física, né?), que não seria ele quem separaria, mas as próprias crianças se espelhariam em nós, cada um com seu gênero.

Tá, até concordo que pode ser sim, com o tempo, mas o que quero frisar é que essa separação tem que partir da criança e não ser imposta pelos pais, percebem? E se o Pedro quiser fazer balé, ginástica artística e a Ísis aulas de futebol, kung fu?
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Quando fui olhar as roupinhas da Ísis que poderiam ser do Pedro, muita coisa ficou de lado (ahá) porque era feminino demais, mas muita coisa com rosa e lilás está lá na pilha de roupas para lavar, sem estresse. O que acontece é que, assim como não queria vestir minha filha como um moleque o tempo inteiro, também não quero vestir meu filho como uma princesinha, ora bolas!

Mas percebi uma coisa: é mais fácil aceitarmos coisas masculinas nas meninas, do que coisas femininas nos meninos, não é? Uma menina usa calça, sapatos, azul, cores escuras e másculas, roupas largas, cabelos curtos...e um menino usando saia? rosa? estampas florais e brilhosas? Difícil, né?

Daí que mudei minha neura das roupas do rosa/lilás/branco para o azul/verde/bege. TUDO para meninos é desta cor...pagando bem surgem uns laranjas (com azul), vermelhos (com bege), brancos (com verde). Tudo tem meios de transporte, pipa, bola, peão.

Não sou contra o modo másculo de se vestir, nada disso, ao contrário, eu adoro! Mas me irrita a falta de opção, a segregação, a ausência de um jardim com bichinhos num macacão, de corações, arco íris, gatinhos mimosos num body, de borboletas e crianças saltitantes numa jaqueta de moletom ... me irrita a vendedora antes de mais nada me perguntar se é para menino ou para menina e conforme minha resposta me mostrar um lado da loja totalmente rosa ou outro totalmente azul!

Os brinquedos são aqueles bonecos de super heróis, jogos de ferramenta (vermelho e amarelo ou azul e vermelho), carrinhos mil (nunca rosa/lilás/branco).

Não há bebês (por que? eles não serão pais no futuro?), não há máquina de lavar, ferro de passar, cozinha montada (por que? por acaso eles não devem saber se cuidar sozinhos e cuidar de sua futura família?), kits com gel pós barba, lâmina de barbear de brinquedo, escova, pente, perfume, creme (por que? homens também não devem estar limpos, cheirosos, bonitos?).

Estou louca ou ainda educamos nossos filhos do século XXI como no século I?
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Depois que engravidei do Pedro eu percebi que séculos passaram, o mundo girou, mas os meninos são mais ovacionados que as meninas. Um casal então, é a glória! E isso me irrita de uma tal maneira insana que nem sei explicar...mas vou tentar.

Eu me considero feminista, mas não esse tipo caricaturado onde todas nós queremos ser homens, ocupar o lugar deles, fazer as mesmas coisas que eles, numa total negação da nossa biologia, do nosso gêrnero, que é sim diferente, mas não inferior, percebem?

Homens são homens, Mulheres são mulheres e nós não precisamos negar nossa essência feminina para sermos aceitas, ao contrário, são nossas diferenças que nos completam e que contribuem desde sempre para o progresso mundial. Nossas diferenças biológicas, de gênero, não essas impostas pela sociedade a cada era.

E filhos são filhos, seres amados, esperados, desejados, não importa o gênero. Quando as pessoas sabem que teremos um casal comentários do tipo "nossa, vocês devem estar bem felizes, né? um casal é muito legal/maravilhoso/sonho de consumo!". Sim, é, assim como ter 2 meninas e 2 meninos também seria! Filho é filho! Eu não fico feliz com esse tipo de comentário, nem quando percebo o tom de desapontamento ao se saber que vem MAIS UMA menina...não é a mesma coisa quando vem MAIS UM menino...

Outra coisa que me dá vontade de pular no pescoço é quando ouço assim "agora vocês vão ver como a vida de vocês vai ficar mais agitada, um menino é bem mais agitado/ativo/cheio de energia do que menina". Gente, sério, quem fala isso não conhece minha filha! Eu concordo que pessoas são diferentes e que incentivamos nos meninos atividades de rua, de correr, pular, etc, enquanto meninas devem ser educadas, comportadas, calmas e brincarem sentadinhas de boneca e casinha...

Quando estava grávida (ops, estou ainda) tudo de ruim que me acontecia era relacionado com o fato de ser menina: tá enjoando? é menina! sua pele/cabelo ficou pior? é menina, porque ela "rouba" a beleza da mãe!, tem azia? é menina, pq menina nasce com mais cabelo!
...
Três causos das férias para ilustrar:

1) Na loja de roupas de algodão natural eu me interesso por um macacão, a vendedora se aproxima e pergunta: "é para ela? é que esses são de menino, para as meninas são os vestidinhos, ó!" E sai me mostrando outra arara de roupas de menina...Eu ignoro e permaneço vendo os macacões. Só não trouxe um porque não serviam nela. Não sou fã dos vestidinhos, acho-os lindos, mas acho também que limitam as brincadeiras. Acabei trazendo um, que a Ísis usa com legging. E é bege, marrom e verde, ó que legal!

Explicação: eu, como mulher, amo vestidos! Mas não os considero a vestimenta ideal para crianças brincarem livremente, por isso a Ísis tem 1 ou 2 no armário, que acabam sendo usados com bermuda ou legging.

2) Na sala de brinquedos do hotel destinada a crianças de 0-4 anos, um casal com um menino de pouco mais de 1 ano e meio fica admirado com a Ísis cantando e dançando a música do pintinho amarelinho. Acham lindo, acham fofo, acham meigo. Eu não vi a cena, mas um tempo depois encontramos o mesmo casal saindo do restaurante. O pai do menino lembra da Ísis, chama ela e começa a cantar a música do pintinho. Ela, que adora uma platéia, começa a dançar e cantar no colo do pai. O casal acha lindo, acha fofo, acha meigo E a mãe do menino se vira para mim e diz assim: "Que coisa mais fofa a sua menina! Os meninos não fazem essas coisas!" Gente, sério, aquela mãe, jovem, do século XXI estava me dizendo que os meninos tem impresso em seu DNA a impossbilidade de cantar e dançar a música do pintinho? Retruquei na hora que os meninos só não fazem esse tipo de coisa se não forem ensinados a fazer (assim como arrumar seu próprio quarto, recolher a mesa, cozinhar, lavar a louça/roupa, trocar as fraldas, dar banho, fazer dormir)! Marido me olha de rabo de olho, mas pôxa, tem coisa que a gente escuta que não dá, né?

3) Uma amiga me dizendo como era legal ter menino e menina, que eu ia perceber que, realmente, eles são diferentes (sério?) e que possuem personalidades diferentes, que tem coisas que não adianta, é de menino, e outras que são de menina...Tá. Mas eu insisti, como assim? E ela me disse: o menino não para quieto, é mais brusco, não pode ver uma bola, gosta de escalar coisas e tals...A menina é mais calminha, mais mimosa (?), gosta de brincar de boneca, maquiagem. Tá. E eu insisti: mas quando ele, o menino, pega as panelinhas da irmã para brincar, o que você faz? Você incentiva, cria uma história de fazer papazinho, cuidar do nenê? Não, foi a resposta, ela não tira as panelinhas (pelo menos isso!), mas não incentiva a brincadeira, como fez e faz com a menina! E a menina? Quando ela tentou escalar, jogar bola, foi mais ativa ou mais brusca no comportamento? Ela foi incentivada ou reprimida? A resposta? É...a gente reprime, né? Porque isso não é coisa de menina...

Vamos rever nossos (pré) conceitos na educação de meninos e meninas, vamos?

E por favor, me poupem de frases do tipo "meninos isso, meninas aquilo". Vamos trocar por "tem pessoas que isso, tem pessoas que aquilo".

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Um momento de ternura

Ultimamente você tem ficado bastante tempo deitada no meu colo, recostada no meu braço, como se ainda fosse um bebezinho. Nesses momentos, ficamos em silêncio e você fica mexendo no meu rosto e no meu cabelo com sua mãozinha de lontra, seus dedinhos gordinhos e macios. Nossos olhos sempre se encontram e quando vejo dentro deles ainda consigo encontrar aquele dia 28/04/2009, nosso primeiro olhar depois que você nasceu, o momento exato em que me apaixonei por você.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Mais dela...


Lanchando um bolo de chocolate com cobertura e granulado, o pai resolve cortar os pedaços ao meio e oferecer a ela a parte sem cobertura e granulado (segundo ele para que ela comesse menos açúcar, mas desconfio que era para ele comer o pedaço com cobertura sozinho). Ela come dois pedaços assim, mas de olho no restante, começa a dizer:
- Papai, eu quero a cabeça!
O pai não entende, pergunta se é a gaveta, se dói a cabeça e mais mil coisas, e ela negando tudo e repetindo que queria a cabeça. Lá pelas tantas ela aponta brava para o pedaço de bolo com cobertura e brada:
- Eu quero a cabeça do booooloooo!
Ou seja, nada de me enganar papai, que eu quero comer com cobertura e granulado, há!
...
No final de semana ela queria que eu me sentasse na almofada no chão ao lado dela para brincarmos de massinha, mas eu, barriguda que só, disse que não ia dar, que preferia ficar recostada no sofá porque estava com um barrigão. Ela prontamente responde:
- Não, mamãe! Você não tá de barrigão não, você tá de barriguinha, pode sentá do ladinho da Ísis!
No auge das minhas 32 semanas, foi bom ouvir o termo barriguinha, ainda que com interesses escusos!
...
Descobrindo o próprio corpo e os órgãos sexuais dela, meus e do pai, ela está fazendo uma certa confusão.
Um dia, olhando um desenho no livro do Peter Pan, ela começa a descrever as partes do corpo do mesmo, e aponta para a área da sua genitália e diz:
- A pepeca do Pétei Pan!
Outro dia, durante uma troca de fraldas com o pai, ela olha para sua própria genitália, põe a mão e diz:
- O pinto da Ísis!
Já explicamos que papai tem pinto, porque é menino, mamãe tem pepeca porque é menina e ela é menina, por isso tem pepeca como a mamãe, mas acho que ainda é meio confuso isso para ela, pois essa é a única parte do corpo que realmente nos diferencia (aos olhos dela). Os peitos ela diz que eu, ela e o pai temos e volta e meia pergunta se ele não vai usar o titiã (sutiã).
...
No final de semana o pai estava rejuntando banheiro e cimentando umas pedras do pátio que haviam soltado. Ela, curiosa, ficou atrás dele o dia inteiro "ajudando". Lá pelas tantas ela começa a fuçar a caixa de ferramentas do pai, que deixa ela mexer em coisas mais inofensivas, até que ela pega o martelo.
O pai, com medo que ela pudesse se machucar com o martelo, alerta: Não Ísis, no martelo, não! E tira o martelo da mão dela, ao que ela responde prontamente e num tom de voz altamente indignado:
- Não, papai! Não faz assim! Você tem que dividir as coisas!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A escolha da cesárea: comentários ótimos que renderam um texto

Eu tinha outro texto para hoje, contando as peripécias da Ísis, mas o texto sobre cesárea publicado na segunda gerou ótimos comentários e mais algumas reflexões, pontos de vista, então eu achei melhor  continuar nesse assunto para aparar algumas arestas sobre o que eu já escrevi aqui.

Não tenho o objetivo de polemizar, longe disso, mas bater um papo legal sobre um tema que sempre permeia discussões e mais discussões no meio virtual e no nosso dia a dia real. Com a minha DPP chegando, parto e nascimento é um assunto que está presente no meu dia a dia, faz parte das minhas leituras diárias, das minhas descobertas e filosofadas caseiras e no consultório do obstetra.

Eu não sou do tipo militante acirrada não, mas confesso que admiro um bocado essas pessoas que abraçam bandeiras e lutam pelas causas nas quais acreditam. Foram elas que me fizeram pensar e pensar sobre parto já na primeira gestação, quando eu ainda aceitava como normal a minha obstetra responder às minhas dúvidas sobre parto nas primeiras consultas com a famosa frase "é muito cedo para falarmos sobre o parto".

O resultado foi que eu cheguei às 39s6d de gestação e tudo que eu sabia sobre o parto eu havia aprendido na internet, nada com as duas obstetras que me atenderam, pouquíssimo no curso de gestantes que eu fiz no hospital onde eu ganharia a Ísis.

Nunca é muito cedo! Ao contrário! Para quem quer realmente entender o que acontece consigo, com seu corpo, sua mente e com seu filho, os nove meses podem não ser suficientes - como de fato não o foram na gravidez da Ísis. De lá para cá foram mais de 2 anos de estudos, leituras, discussões, troca de informações, desconstruções de idéias pré concebidas, convencimento, encantamento, decisão.

Eu me lembro que no início, quando lia o Mamíferas, por exemplo, ou o blog de militantes pelo parto natural, eu me irritava profundamente quando elas publicavam textos questionando a falsa idéia da escolha alheia sobre o parto. Ou quando elas diziam que cesárea não era parto, era cirurgia. Eu realmente não gostava de ler aquilo, porque eu pensava "quem elas pensam que são para me dizerem que eu e mais outras tantas mulheres não escolhemos livremente o modo como nossos filhos nasceriam? sou ignorante por acaso? e elas, são as espertas? que diabos de matrix é essa?"

Mas dos blogs eu passei aos livros, dos livros aos artigos científicos, às pesquisas, às discussões, às trocas de idéias...e hoje eu compreendo o que elas queriam dizer com as "não escolhas" e "não partos".

Eu defendo sim o direito de escolha, mas da escolha verdadeira, baseada em informação de qualidade, pesando prós e contras. E eu defendo mais: o direito de toda família ter acesso a uma experiência de nascimento digna, respeitosa, natural, fisiológica e que de fato seja a melhor para mãe E bebê. E isso, infelizmente, está muito longe de ser alcançado.

Lutarmos pelas nossas experiências individuais é um trabalho de formiguinha...pode nos trazer os resultados que nós esperamos, nós podemos conseguir sensibilizar uma ou duas pessoas, mas é muito pouco para conseguirmos atingir a maioria da população. E por isso eu admiro essas militantes, ainda que uma ou outra pese a mão na hora de escrever. Sem elas eu não teria buscado mais já na primeira gestação e poderia ter me privado de um dos acontecimentos mais lindos da minha vida.

Importante frizar que não há como uma mulher se sentir mais e melhor por desejar e conseguir um parto digno quando essa mulher sabe que a maioria das outras nunca vai viver tal experiência. Na verdade, perdemos todas sempre que um parto frank acontece, ou uma cesárea não necessária. Perdem nossos filhos.

Mais importante ainda é entender que não dá para buscar culpados apenas: médicos, hospitais, mães, avós, maridos...temos que buscar é informação e com essa informação em mãos irmos em busca do que queremos. Termos consciência de que muitas vezes isso não basta, que apesar de toda informação somos barradas no sistema obstétrico vigente, é desesperador. Eu sei de pessoas próximas que acabaram numa cesárea, mesmo com toda informação de que estavam munidas, ou então num parto totalmente desrrespeitoso, dolorido e sofrido.

A humanização do parto não pode e não deve ser elitista, mas forçoso é admitir que, por enquanto, ela é. E para que haja mobilização pelo coletivo, esse coletivo tem que estar cercado de informação de qualidade. A internet é democrática nesse sentido e todos os textos que eu escrevi sobre o assunto tem o objetivo de registrar a minha caminhada e tudo que precedeu ao nascimento dos meus filhos, assim como informar quem passa por aqui e resolve perder alguns minutos lendo o que eu escrevi.

Não há julgamentos aqui, apenas constatações baseadas em estudo.
...
Eu recebi comentários ótimos no texto anterior e resolvi fazer um texto resposta para aprofundar um pouco mais pontos de vista que não foram bem esclarecidos. Vou copiar partes dos comentários que eu gostaria de responder:

Sthefanny: Também fico sem saber o que dizer ao ouvir tanta grávida justificando pra mim os motivos da cesárea com motivos irreais. Fico sem reação quando elas dizem que "teve que ser cesárea", que elas queriam parto normal, mas "não deu" e essa foi a melhor escolha que elas poderiam ter feito por causa "dos riscos de insistir num parto normal". Como é que a gente reage??

Esse eu acho um dos pontos mais delicados de se discutir, porque a primeira reação óbvia é a pessoa em questão te/se perguntar quem você pensa que é para julgar que ela foi enganada. Se a pessoa não é tua amiga íntima, com quem você consiga ir conversando de leve, aos poucos, apresentando um texto aqui, um livro ali, há que se pensar bem se é o momento de comentar qualquer coisa. Na maioria das vezes não é, porque o outro não quer saber. É como quando você compra uma roupa que queria muito, sai da loja super satisfeita com a compra, afinal era o que você queria, a roupa cabia perfeitamente em você, era linda, maravilhosa...talvez você tenha pago um pouco caro por ela, mas não importa, porque voce queria muito! Então você passa na vitrine da loja ao lado e vê uma peça igual a que você comprou e os dizeres no vidro "liquidação". E aí? Você vai querer saber que se tivesse andado poucos metros a mais teria comprado a mesma peça pela metade do preço? Eu não gosto disso! Nunca vejo! Mas numa próxima vez, talvez, eu me esforce para andar um pouquinho mais...

Amanda Lima: Aqui também temos os G.O. que fazem terrorismo com PN, mas eu falo mesmo. Por que muitas mulheres simplesmente não pensam nisso! Tenho uma colega gravida, que quer cesárea. Disse pra ela pelo menos esperar o TP, ela disse que não queria sentir dor. Aí falei que se ela fizesse antes e o neném não estivesse pronto, ela só ia ver o filho depois de 2 dias por que ele ia ter que ficar na UTI e tudo mais(sim, isso é terrorismo, shame on me). Mas ela conversou com o G.O e ele confirmou que, em raríssimos casos acontece. A mulher virou bicho e disse que não vai fazer cesárea antes do TP, que o médico não tinha dito aquilo, que ela achava que a gestação era só até 40 semanas e depois dava problema. Pura e simplesmente falta de informação. Um bebê de 38 semanas ainda pode ter um mês no útero, simples assim.

Amanda, admiro você falar sempre! Eu não consigo fazer isso. E você fala o que eu sempre penso e repito quando necessário: nós mulheres não temos todas as informações para podermos sair dizendo por aí que escolhemos, temos o direito de escolha. Assim como essa sua amiga, tantas outras mulheres são sim enganadas pelos médicos sob a falsa idéia de estarem fazendo o melhor para elas e seus filhos. Lembrei agora de outra moça que conheci nas férias e que me contou que o filho havia nascido com problemas respiratórios, havia ficado na UTI porque ela havia perdido muito líquido amniótico antes da semana 38. Como ela não havia entrado em TP, o obstetra dela achou melhor agendar a cesariana. E aí eu perguntei se ela não havia sentido sair o líquido: não, foi a resposta. Perguntei se ela havia visto o resultado do exame e pedido uma segunda opinião: não foi a resposta...e aí eu fiquei me perguntando: será?

Martha: Nine.. sabe que eu penso muito quando leio seu post (e de outras queridas), pq sei que vc não esta tirando isso do nada, que esta "estudando" muito, que tem o conhecimento e que principalmente nunca seria "doida" (rs) de fazer alguma coisa q colocasse em risco vc e o pequeno por uma bandeira.

Colocar a saúde do bebê em risco em nome de uma bandeira era uma das coisas que eu pensava sobre as militantes do parto no início. Depois eu percebi que isso era um preconceito meu, arraigado em anos e anos vendo os médicos tomarem conta de algo que é fisiológico e próprio da mulher. Quando mais a gente estuda o parto e o nascimento, mais a gente se dá conta de que quem coloca em risco sua vida e a do bebê em nome de uma bandeira (o falso parto sem dor) ou devido à falta de informação são aqueles que escolhem/permitem cesarianas desnecessárias.

Mas... no fim eu acabo sempre chegando a mesma conclusão de que é muito difícil a grande maioria ir contra o médico. Afinal agente sempre acha que ele esta naquela posição, pq estudou para aquilo e fez todo um juramento e tal. Eu concordo muito e vejo muito sentido nas suas palavras, na sua indignação em relação a cesarea eletiva. Mas sei que cada um vai daquilo que é melhor para a sua realidade. (...) tenho certeza que não teria apoio nenhum para ir contra aquele que diz que estudou para aquilo e diz que sabe o que é melhor para mim. Acho q alem da conscientização da gravidas o trabalho deve ser muito maior com os médicos... mas aí já são outros quinhentos!

Concordo e muito! Eu sempre penso que a gente fica discutindo tudo isso porque mal ou bem tem um certo acesso à informação, mas essa não é a realidade da maioria das mulheres do nosso país. É praticamente impossível uma família ir contra o que diz o seu doutor, né? Eu mesma não consegui fazer isso com as minhas duas obstetras durante a gestação da Ísis! E nessa tive que ouvir muita besteira onde eu fui tomada como louca por ir contra o que os médicos dizem, afinal ele estudou medicina, né? E eu? Eu estudei nutrição... O trabalho das ONGs, das associações, dos blogs militantes é bom por isso: ajuda na sensação de não estar sozinha, mas não sou sonhadora: é preciso muito mais, é preciso envolvimento do Estado, estabelecimento de políticas públicas e mudança radical no nosso modelo obstétrico atual para que o parto digno não fique apenas restrito à classe média e superiores dos grandes centros. E para isso é  preciso mobilização e esclarecimento, caso contrário vamos ouvir que o Governo incentiva o parto normal porque é mais barato... e a cesariana vai continuar como sinônimo de poder aquisitivo.

Aline: Eu consegui meu parto normal humanizado após uma cesárea e posso dizer com propriedade que todo esse processo é divino. Somos responsáveis por nossas escolhas mesmo quando tomamos uma decisão tipo tampando o sol com a peneira como foi o caso de sua conhecida. Eu aprendi muito com a cesárea do Victor. Foi essa experiência dolorosa que me fez acordar e realmente buscar o que eu queria. O André nasceu após 14horas de trabalho de parto ativo (muita massagem, bola e chuveiro) em uma banqueta de cócoras e ficou juntinho comigo até o cordão umbilical parar de pulsar...depois foi para o colo do papai! Foi maravilhoso!

Quando eu comecei a ler sobre parto e nascimento eu encontrei muitas histórias assim: mulheres que buscaram o parto normal depois de uma cesárea. Eu sempre me surpreendi com o fato de que as mulheres que haviam tido parto normal descreviam o nascimento de seus filhos de forma intensa, maravilhosa, com emoção (eu sempre choro lendo um relato de parto!) e que eu não encontrava isso numa que tivesse descrito o nascimento pela cesariana! Duas amigas minhas haviam tido um parto normal no primeiro filho e uma cesariana no segundo, ambas eletivas, a resposta delas ao meu questionamento de qual era melhor foi unânime: o parto normal. Porque é ilusório achar que você não vai sentir dor! Você vai! Experimente não tomar os remédios prescritos depois da cesariana...e a dor durará dias! E será uma dor ruim, proveniente de um corte enorme na barriga...já a dor do parto é muito diferente e não dura 15 dias ou mais!

Andrea: Meu parto foi cesárea, e eu nunca vou ter certeza, mas acredito ter sido desnecessária, e isso ainda me deixa muito triste, minha GO foi muito boa até o dia que cheguei nas 38 semanas e ela me deu inúmeros motivos para fazer cesarea, na tensão do momento, não conseguimos pensar na possibilidade de uma segunda opinião, acho que o que aconteceu comigo acontece demais por aí, médicos que escondem que vão te guiar para fazer uma cesárea, muito triste, mesmo.

Andrea, muito boa essa sua reflexão! A semana 38 é a semana da cesárea... E você tem razão: acontece demais mesmo, ainda mais para quem tem acesso aos planos de saúde ou pode pagar particular! E para quem não tem acesso, sobram os partos frank nas instituições públicas (salvo raras excessões)...entre um e outro não sei com qual ficar!
Simone: Sabe eu acho maluco tudo isso .... pq na minha cabecinha funciona assim .... ok cesarea é assim parto normal é assado O QUE EU QUERO .... faço a minha escolha e vou em busca dela ... me admira ver pessoas instruídas dizendo ah mas o médico disse (se aquele médico esta "te enganando" mude pq até que o bebe nasce vc pode mudar, to certa ?) .... a pq o bebe esta assim esta assado, eu acho que isso é muita conversa para fazer as mães mudarem de ideia .... eu me lembro de visitar uma maternidade quando ainda estava escolhendo o meu plano de parto quando a enfermeira diz (ele é o pai ??? é pq se for esquece pq a cabeça dele é muito grande COMO ASSIM ???) descartei na hora CLARO ou isso significa que na época da minha avó os bebes de pais cabeçudo não nasciam .... sei lá sabe eu acho que para se levantar uma bandeira vc tem que ter conhecimento de causa .... eu tive um parto normal pq lutei por ele caso contrario seria mais uma menina que teria feito cesarea pq o cordão umbilical estava enrolado no pescoço do bebe....

Você é uma guerreira! E sim, tem um lado meu que se revolta e pensa tudo isso mesmo, mas aí eu paro e penso em mim mesma e no quanto eu não evoluí em termos de preparação para o parto durante a gestação da Ísis, mesmo me considerando uma mulher esclarecida e tals. Certo, eu consegui meu parto normal hospitalar, quase dentro do que eu queria na época, e foi esse parto e essa emoção vivida que me fizeram querer mais numa próxima vez. Mas nos meus pensamentos eu não consigo deixar de pensar que somos pessoa diferentes, histórias de vida diferentes, condições mentais, intelectuais, emocionais diferentes...para que todas tenhamos direito de escolha, temos que tentar igualar as nossas diferenças, e isso não se consegue com ações individuais, infelizmente.



segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A escolha da cesárea

Este é mais um texto sobre parto e sobre escolhas.
...
Durante minha última consulta com meu obstetra ele me perguntou sobre o dia do parto, quem estaria, quem não estaria e eu respondi que prefencialmente estaríamos somente eu, meu marido e minha filha. Talvez minha irmã para dar uma mão com a Ísis, caso o parto aconteça durante o dia.

Falamos sobre a possibilidade de um parto pélvico, ele me tranquilizou dizendo que sim, ele faz, já fez vários, mas que só faria se eu e meu marido estivéssemos seguros sobre esta escolha, que é sim mais arriscada que um parto cefálico, mas ainda menos arriscada que uma cesariana. Sim, eu respondi, no caso de o bebê estar pélvico, e tentadas todas as possibilidades para ele virar em vão, partiríamos para o parto pélvico, sem problemas.

O assunto foi para a escolha de hoje: um parto cheio de intervenções e desrrespeitos, dito normal, e uma cesárea, cirurgia de menos de 1 hora, limpa, fria, sem grandes acontecimentos. O que você escolheria se essa fosse a sua única alternativa?

Eu sempre me pego pensando nos mundos e fundos que estou movendo para ter o direito de parir meu filho dignamente. Não falo apenas do dinheiro, que é sim um investimento alto (para se ter uma idéia, a equipe humanizada custará o equivalente a um pacote para 2 pessoas de 8 dias 7 noites para Fernando de Noronha e o aluguel do apartamento em POA por 30 dias custará o equivalente a um pacote para 2 pessoas de 8 dias 7 noites para as melhores praias do nordeste), mas do tempo, das viagens constantes a POA distante 500 km daqui, das faltas ao trabalho para poder realizar as consultas, das leituras, das desconstruções mentais que temos que fazer, do medo, da ansiedade. E da ladainha dos outros.

Agora eu ando com um medo danado desse bebê resolver nascer antes do dia 14/01 e me pegar de calças curtas em SVP... daí tudo seria em vão, porque não daria tempo de chegar em POA. Por vezes eu penso que agendar uma cesárea seria mais tranquilo, muitas pessoas já recomendaram isso, para quê ficar nessa ansiedade? É verdade...seria mais tranquilo...para quem?
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Um amiga grávida do segundo filho, ainda no comecinho da gestação, veio com a famosa pergunta: e você vai fazer cesárea? Não, eu respondo, vou fazer parto normal. A essa resposta se segue toda a justificativa dela para ter que fazer cesárea nesta segunda gravidez, apesar dela querer também o parto normal ainda na primeira gestação.

Segundo ela, sua obstetra a avisou de que ela ela era muito pequena, tinha a bacia estreita (de fato ela é uma moça baixinha e magra) e que, como seu marido era muito maior que ela, o bebê não passaria e sofreriam ambos durante o trabalho de parto para, inevitavelmente, acabar numa cesárea. Então, a obstetra agendou cesárea para a semana 38 - porque a parti dali o bebê já está totalmente formado, né? ele cresce e ganha peso! - e aplicou aquela injeção para acelerar o desenvolvimento dos pulmões na semana 36. Cesárea feita, sem dor, segundo ela.

Neste instante, mentalmente, eu me lembro daquela modelo ultra famosa, casada com um jogador de futebol americano...bacia estreita e tamanho do marido não a levaram a fazer uma cesárea eletiva. Mas não digo nada. Também penso que se, de fato, o bebê já estivesse totalmente formado na semana 38, não haveria necessidade de aplicar a injeção para acelerar o desenvolvimento dos pulmões, fora que crescer e ganhar peso é algo muito importante para os bebês, pois se assim não fosse, não estaríamos diante de uma epidemia de bebês de baixo peso que precisam ficar em UTIs neo. Mas não digo nada...

O segundo teria que ser cesárea, afinal ela já tinha uma cesárea prévia, e ainda permanecia o problema da bacia estreita. A cesárea já estava agendada e seria no mesmo esquema: 36 faz a injeção para acelerar o desenvolvimento dos pulmões, 38 tira o bebê.

Eu argumentei ainda: mas por quê você não espera ao menos o trabalho de parto começar?

A resposta: prá quê ficar lá sofrendo em trabalho de parto se eu vou ter que fazer cesárea mesmo, né?

É.
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A esposa de um conhecido está nas últimas semanas de gestação, DPP provável em 20/12. Estavam seguindo para outra cidade, onde o filho nascerá. O assunto enveredou para o parto, mas eu fiquei só escutando, pois a esposa havia eleito a cesárea. O marido foi contra, afinal era uma cirurgia, mas não seria ele quem passaria pelo parto, então ele deu a opinião dele, mas apoiou a decisão da esposa.

Uma colega, que era quem de fato estava conversando com ele, comentou: ah, ela escolheu a cesárea então? Sim, foi a resposta dele, mas nem poderia ser diferente, pois o obstetra era médico conhecido pelas cesáreas na cidade, ele só fazia cesárea. Se a gestante pedisse por cesárea logo no começo, sem problemas, ele enumerava todas as vantagens da cesárea. Mas e se a tua esposa quisesse parto normal? a minha colega perguntou.

- Ah, daí ele enumera tudo que pode dar errado num parto normal, desestimula mesmo.

E eu fiquei pensando com meus botões: que raios de escolha é essa que a esposa dele acha que fez?


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Desfralde? O que é isso?

Eu já disse que começaria o desfralde em novembro, quando esquentasse. Novembro veio, novembro foi, não esquentou e eu não comecei o desfralde.

Depois eu disse que começaria o desfralde depois das férias de novembro, as férias vieram, as férias se foram e eu desisti de iniciar qualquer coisa antes do Pedro nascer.

Agora meu novo prazo é durante a licença maternidade...
...
As fraldas descartáveis nos ajudam imensamente no dia a dia (questões ecológicas a parte), mas atrapalham no desfralde. Conversando com outra mãe ela me disse que o filho era imaturo demais, porque não dava sinais de querer/poder/estar apto para desfraldar.

A Ísis também não dá sinais claros de querer desfraldar, ela não avisa quando vai fazer xixi, apenas coco, quando pede um cantinho e fica lá quietinha até terminar a obra; porém, depois de tudo terminado, ela sai serelepe a brincar sem se encomodar com os resíduos agregados. Há toda uma conversa e negociação posteriores para que a gente consiga trocar as fraldas sem brigas, mas desde que nasceu ela não gosta de trocar, não tem jeito!

Nas férias, na piscina, quando ia fazer xixi ela parava, juntava as perninhas e ficava olhando para baixo, vendo o líquido escorrer. Depois saía andando e continuava a brincar! Mas mesmo sendo advertida para avisar quando fosse fazer, ela nunca avisou.

Ela já foi apresentada ao vaso sanitário, teve dia que pediu para ir ali, nós levamos, ela brincou de fazer xixi e coco, mas não fez. Percebi que ela se sente insegura de sentar ali, pois nós ainda não temos o redutor de acento. Não quero o penico, só em último caso, prefiro o redutor e uma banqueta para ela apoiar os pés.

Mas tudo, tudo isso, só para o ano que vem! Ainda mais agora que achei uma fralda maior!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Voltando...

Saí sem me despedir...a correria foi grande, tudo feito de última hora, às pressas, o caos! Mas estava necessitada de alguns dias de pausa, um quase descanso (quem descansa com uma filha serelepe de 2 anos??, um hiato entre esta fase, mãe de um, para a próxima, mãe de dois.

Alguns dias com a família, outros passeando. Voltamos a Porto de Galinhas, que para a Ísis é sinônimo de "praia, sol, piscina" e foi muito gostoso. Uma experiência diferente, na verdade, já que da primeira vez ficamos numa pousada perto do centrinho, e desta vez ficamos num resort, bem família, daqueles que você fica estarrada na esteira ou na água o dia todo!

Eu gosto mais da experiência pousadinha, vivenciar o lugar, passear, explorar mais, porém com um barrigão de quase 32 semanas dava não, minha gente! Escolhemos ficar apenas com o pacote sol, praia, piscina. Saí do hotel apenas 1 dia para comprar uma rede (agora eu moro numa casa!), um trilho de mesa, um vestido de algodão natural para Ísis e 1 saquinho de castanhas do pará com gergelim para a grávida aqui!

A experiência de ficar dentro de uma piscina quase que o dia inteiro me fez um bem danado porque aliviou muito as minhas dores nas costas, as minhas cãimbas na barriga, o meu inchaço nas pernas e pés. Fora que eu podia segurar a Ísis no colo sem esforço! Matamos as saudades de ficarmos bem grudadinhas! Eu ainda dou colo para ela, mas agora só sentada!

Estar imersa na água é o que há de melhor para nós gravidíssimas! Na primeira gestação eu fiz hidroginástica, e nesta segunda, como moro numa cidade sem piscina, não pude fazer isso e fez uma falta danada a atividade física. Fui orientada a caminhar, mas não deu não...barriga dói, púbis dói, pés incham...horror!

Por esta razão começo a cogitar seriamente o parto na água...vamos ver na hora como fica, a piscina nós já temos! Uhuuuu!
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Durante as férias pude fazer um ultrassom bom, onde eu conseguia distinguir as formas do Pedro e não apenas um borrão escuro na tela, e nós vimos a carinha dele! Fofo demais, achei que ele terá o nariz e a boquinha da Ísis!
...
Uma gracinha dela na viagem de férias: no avião, na ida, voo noturno (milhas smiles, há!), ela e o pai olhando o céu estrelado e a lua. Eu bem longe, que tenho pavor de avião! Aquele silêncio no avião, eram mais de 23:00h, e a figurinha lembra e canta animadamente a música "o balão vai subindo, vai caindo a garoua, o céu é tão lindo e a noite é tão boua...são juão, são juão, acende fogueira no coração!

Nem preciso dizer que boa parte do avião começou a rir e ao final do voo a danada  ainda deu mais uma palhinha cantando novamente! Aiai, mas gosta de uma platéia essa minha filha...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Andarilha!

E ela agora é andarilha! Dois meses e meio depois de estrear no seu quarto e na sua cama nova ela descobriu que pode sair de lá sozinha, andando com as próprias pernas e quando sentir vontade, sem precisar me chamar ou ao pai.

A primeira vez foi no domingo pela manhã. Ela acordou e me chamou, como em todos os outros dias: mamãin! Eu, que ando mais lenta que tartaruga marinha gigante no azulejo ensaboado, avisei que já ia. Nesse meio tempo, e antes que eu conseguisse de fato levantar da cama, ouço os passinhos rápidos dela pelo assoalho.

Mãe é um bicho muito doido! Fiquei tão feliz e tão orgulhosa do feito dela! A louca! O pai só me olhava sem entender nada.

E hoje pela manhã ela nem me chamou! Acordou e saiu andando! Só falta agora aprender a calçar as pantufas ou os chinelos antes de sair do tapete...

Ai, ai...morro de orgulho!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

As barrigas!


Seis meses de Pedro me habitando. 2a6m de Ísis do lado de cá da barriga.

Ah, essa foto! Um clássico! Mamãe barriguda, irmãozinho lá dentro recebendo o beijinho fofo da primogênita! Mas uma mãe precisa ser criativa para conseguir esse efeito! Vejam só:

Eu pedi para ela dar um beijo no irmãozinho dentro da barriga. Ela deu uma risadinha sem graça e desconversou. Ficou brincando com as florezinhas na grama. Mãe coloca seus únicos dois neurônios funcionantes para pensar...tic tac...tic tac...tic tac...

- Vamor brincar de dar beijo na barrigonta, Ísis?
- Vamos! ela responde entusiasmada. Brincar é A palavra.
- Então tá, eu dou beijo na sua barrigonta primeiro, depois você beija a barrigonta da mamãe.

Enquanto isso a mãe louca sinaliza freneticamente para o pai posicionar a câmera e não perder o momento ternurinha.

E foi assim! Foto altamente manipulada, mas tão bonitinha, né não??

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Os momentos bons!



Um dia desses, após o almoço, eu e o pai pegamos frutas para sobremesa: eu peguei um kiwii, o pai uma bergamota (tangerina). Fazia dias que eu oferecia o kiwii, ela aceitava uma fatia, colocava na boca e cuspia.
- Quer comer um kiwii com a mamãe, filha?
Ela fica me olhando meio sem graça, e espicha o olho para a bergamota do pai.
- Eu num gotei de kiii, mamãe! A beguinha é bem ostosa!
Claro que o pai perdeu a bergamota!
...
Eu estava pesquisando documentários sobre parto natural na internet. Ela queria ficar no meu colo. Tive a idéia de mostrar alguns vídeos de parto natural para ela, afinal, a depender do horário do nascimento ela poderá estar presente.
Peguei um em preto e branco que já rodou a internet de uma moça numa banheira transparente que pariu sozinha. O ângulo do nascimento era perfeito! Tirei o som e fiquei falando que aquela moça ia ganhar um bebê, que estava na barriga dela, assim como nasceria o Pedro e ela mesma já havia nascido. Ela ficou vidrada no video, às vezes exclamava "olha o nenenzinho" ou "o nenenzinho tá nascendo da barriga da mamãe dele".
Terminado o vídeo ela disse que o neném tinha nascido da "pepeca" e em seguida:
- Coloca o Pingu no cutador, mamãe?
Assim, sem traumas. Oba!
...
Após o almoço deitamos na minha cama e ficamos olhando as nuvens. Pela primeira vez ela começou a falar do irmão, sem que incentivássemos:
- Olha quanta nuvem no céu, Ísis!
- O Pedlo tá na barriga da mamãe!
- Ahã, o Pedro está na barriga da mamãe e a Ísis está aqui do ladinho.
- O Pledo é o irmãozinho da Ísis!
- É, ele é o irmãozinho da Ísis.
- Ele vai chorar!
- Sim, ele vai chorar porque não sabe falar. Ele chora porque tá com fome, com frio, porque quer colo, porque tá com xixi ou coco...você vai ajudar a mamãe a cuidar do irmãozinho?
- Vamos cunveiçá com os dedinhos??
Pedir para ela ajudar acho que foi muito! Mas já avançamos um pouco...
...
Agora ela voltou a gostar de ler livrinhos antes de dormir. Toda noite há mais de uma semana ela pede os mesmos livrinhos, deitamos na minha cama e nos revesamos: hora eu conto a história, hora ela.
Antes eu apenas comentava a história em cima das gravuras, agora eu já consigo ler algumas partes.
Na história do Patinho Feio eu tentei explicar para ela que na verdade ele era um cisne, por isso ele era diferente dos outros patinhos, mas ela não se convenceu...
- Viu, filha? Por isso que o Patinho era branco enquanto os irmãozinhos dele eram amarelos! É que ele não era um Patinho, ele era um cisne!
- Não, ele não é um cisne, não! Ele é patinho, sim! Num é cisne!
Tudo isso dito numa entonação de voz daquelas que te avisa que é melhor não contrariar. E o dedinho indicador em negativa frenética...
...
Numa manhã difícil de eu conseguir sair para o trabalho:
- Filha, vai com a L. tirar a armadura (pijama) para vocês irem brincar no parquinho!
- Não! Num qué tirá amadura, não!
- Mas Ísis, dão dá para ir brincar no parquinho de armadura...ninguém sai de casa de armadura. Armadura é para dormir!
- Nããão, mamãe! Amadura é pra brincar!
- Não, filha, não é. Se você não tirar a armadura, não vai no parquinho, você escolhe...
"Convencida", ela vai tirar o pijama e eu saio para o trabalho, já atrasada. No almoço a L. me conta que ao chegar no parquinho e ver as outras crianças ela constata:
- Num tem quiança de amadura!
Ufa, ainda bem, caso contrário meu argumento cairia por terra. Agora preciso dar um jeito no meu péssimo hábito de não tirar o pijama, aiai. Ser o exemplo não é fácil!
...
Faz tempo que brincamos com aqueles quadradinhos de borracha que possuem letras e números no meio. A Ísis já identifica várias letras, o que, claro, deixa a mamãe toda orgulhosa! Ela adora achar o I do nome dela em tudo que está escrito e quando pegamos os quadrados de borracha ela já sai perguntando "onde tá o I de Ísis?".
Outra letra que ela adora é o X de xixi (eu falo assim, sempre relaciono a letra com alguma palavra do cotidiano dela). Uma tarde dessas, nós duas brincando com as letras, ela me solta essa:
- Cadê o X de xixi?
- Não sei, filha, vamos procurar?
- Achei! O X de xixi tem que tocá a faldinha! Tá cheia de xixi!
Há!
...
Ísis na sua eterna luta para não trocar as fraldas, o pai negociando e ela negando:
- Não, papai! Não qué tocá a faldinha, nããão!
- Tem que trocar, Ísis! O bumbum tá cheio de bactérias, elas vão comer o bumbum da Ísis, já pensou? (psicologia extrema, há).
- Nãããoooo! Eu não góto de tocá a faldinhaaaaa!
- Eu também não! Eu preferia mil vezes que você fosse auto limpante!
Seria ou não seria bom, em?

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Um tapa na bunda...

Escrevi o texto anterior numa semana difícil, poucos dias após o fato ter ocorrido. Foi uma semana de muito choro, de muita sensação de impotência, de isolamento, de sentir-se só em meio à multidão. Vocês já se sentiram assim? Pois é.

Então, todos os comentários que recebi foram muito bem vindos, foram sopros de alento no meu coração, porque mais uma vez o blog e as mamães que o acompanham me ajudam nessa sensação maravilhosa de pertencer, de não estar sozinha.

E houve também os emails recebidos, de amigas reais, que ao lerem o blog mandaram mensagens carinhosas. Incrível como podemos mesmo receber carinhos em bits de 0 e 1. Meu eterno agradecimento aos nerds de todo o planeta!
...
Eu não costumo escrever muito sobre momentos como esses, eu não gosto de valorizá-los demais, e também não gosto muito da idéia de expor minha filha: uma coisa é eu expor as gracinhas dela, a parte fofa, linda e maravilhosa da maternidade; outra bem diferente é eu expor momentos ruins, fraquezas nossas que podem cair no computador de pessoas não tão compreensivas e não tão amorosas assim.

E por quê eu o fiz, então? Porque a causa do não ao tapa na bunda foi mais uma que eu resolvi abraçar depois do nascimento da Ísis. E foi depois do nascimento mesmo, porque antes, mesmo na gravidez, eu ainda achava normal os pais recorrerem a um tapinha no bumbum - que está recheado de fraldas mesmo, a criança nem sente nada, né? - como medida corretiva a desobediências recorrentes.

Depois de segurar minha filha nos braços e me desconstruir inteira como pessoa durante os intensos meses de licença maternidade eu percebi o quanto eu estava errada! Mas perceber isso não é suficiente, na realidade é até fácil ter esta percepção e essa ideologia quando estamos diante de um bebezico de poucos meses, que mal se sustenta na própria coluna e que tudo que faz é chorar, mamar, dormir, transbordar as fraldas...

O difícil começa a acontecer quando aquele serzinho diminuto, do nada, irradia vontades, valores, opiniões. O seu bichinho, antes tão cordato, agora te responde que não vai fazer tal coisa, que não quer ir para tal lugar, que não está com sono, que não quer trocar as fraldas. Não vai comer, nem tomar banho. Recusa o jantar, quer amendoim. Não quer colocar as calças porque gosta de ficar pelada; mesmo no frio tira as meias sempre que você as coloca, não adianta, e você que se vire depois com as crises de bronquite!

Antes, o seu filhote ficava bastante tempo no seu colo, é verdade, mas dormia bastante também, por mais que você pensasse que não! Agora, uma soneca após o almoço e as baterias já estão carregadas! E haja energia e disposição para brincar, correr, pular, jogar bola, conversar com os dedinhos, fazer bichinhos de massa de modelar; nos intervalos, a alimentação, a troca caótica de fraldas. Antes ela chorava, agora ela argumenta, e sai correndo!
...
Eu e meu marido divergimos um pouco no assunto sobre o tapa na bunda. Apesar de conversarmos bastante, eu percebo que ele não consegue perceber as nuances que eu percebo, os detalhes que eu pesquiso. Isso tem uma causa: nós dois vivemos infâncias diferentes, temos experiências de vida, de vivências familiares totalmente díspares, apesar de termos parecidos os mesmos valores.

A experiência prévia, essa força que vem do passado, da minha própria infância e adolescência, foi o grande motivador, além do imenso amor que tenho pela minha filha, em querer mudar, fazer diferente. Nessa fase, das primeiras convicções quebradas, eu não conhecia bons autores que viessem de encontro aos meus anseios, mas que tivessem embasamento, sabe? Não aquela coisa do achismo nosso de todo dia.

Com os blogs eu redescobri Janusz Korczak, o livro Como Amar uma Criança ainda está na minha cabeceira, é uma espécie de conselheiro nos momentos difíceis. Descobri Carloz Gonzalez, Laura Gutman. Eles me ajudam a realinhar minha órbita quando esmoreço.
...
Pode parecer dramático demais tudo isso. Tanta polêmica por causa de um tapa na bunda! Mas eu digo e afirmo que o tapa na bunda é só o começo do fim, que já começou no grito. E que mesmo ele, esse tapinha, pode ser tão prejudicial quanto as piores surras.

Se há alguns anos eu fui aquela que apanhou e que reverberou esse comportamento violento na irmã mais nova, hoje eu luto contra essa vontade quando minha filha surge como um desafio à minha capacidade de educar. E eu não preciso apenas lutar contra mim mesma, apesar dessa luta sempre ser a mais difícil; eu preciso lutar contra toda uma sociedade acostumada a enxergar os filhos como propriedade, a enxergar os pequenos como seres vazios de sentimentos e vontades, como inimigos até!

Eu sei as marcas que as surras que eu levei me deixaram, e quando eu digo surra não importa se foi um tapa na bunca, na boca, um beliscão no braço, uma cintada nas pernas. Todas deixam marcas, não físicas, essas vão embora. Eu não quero essas marcas nos meus filhos.

Se eu continuo firme no propósito de não bater, o mesmo não posso dizer quanto a não gritar. Esse é o próximo passo.
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Por tudo isso eu decidi falar desse dia difícil, desse sábado que já passou, mas que já se repetiu algumas vezes nos últimos meses. Eu resolvi vencer o medo de expor a minha filha e a mim mesma por um bem maior: falarmos sobre educação sem violência, seja ela física, seja ela verbal, ou emocional.

Um dia minha filha vai ser mãe, e não vai ser mais fácil ou mais difícil do que está sendo para mim. No tempo dela, haverá nuances diferenciadas. Mas eu quero que ela saiba que, se um dia ela puder afirmar que a mãe dela sempre a tratou com respeito, que nunca bateu nela, nem a agrediu verbal ou emocionalmente, esse caminho não foi um caminho florido, mas que foi sim uma estrada árdua, escolhida voluntariamente, em nome do muito amor que eu sinto.
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Adendo: ontem, conversando com minha massagista, ela me contou de uma cena que presenciou em frente à escola do sobrinho: um pai batendo no filho na saída da escola. Não foi uma surra, ela disse, foi um tapa. A opinião geral entre os ali presentes é que esse pai estava certíssimo em agir assim, afinal, o menino em questão (que não devia ter 6 anos) já havia batido em outros coleguinhas, as mães e pais das crianças agredidas não sabiam mais o que fazer! Ao que parece, todos gostaram da demonstração de violência. A massagista também aprovou, afinal, agora, o menino saberia quem manda, teria limites e aprenderia a respeitar os outros! Com os meus botões eu só consegui pensar que estava tudo errado! Ninguém sabia da realidade familiar do menino...e ainda que ele tivesse índole violenta mesmo, sem que a família nada tivesse que ver com isso, eles pretendem ensinar o respeito ao próximo batendo, humilhando a criança na frente de todos? "O mundo está ao contrário e ninguém reparou?"

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Rupturas


Era sábado. Eu estava muito cansada depois de uma semana sem conseguir dormir bem. Naquele dia, eu acordei com uma dor de cabeça chata, estava com uma azia que não passava, dores lombares e no púbis, sempre que me levantava. A minha única vontade era deitar na penumbra e só acordar no ano seguinte.

Mas ela estava elétrica, como sempre, acordou cheia de disposição para brincar e me queria ao lado dela e com ela a todo momento. Consequência de uma semana corrida e cheia de indisposições de minha parte. Para chamar minha atenção fazia tudo o que eu sempre peço para não fazer, fazia coisas que normalmente não me irritam, mas que naquele dia estavam me tirando do sério...pulou em mim, pulou na barriga, subiu nas minhas costas, puxou meus cabelos, agarrou minhas bochechas, mordeu-as. Derrubou suco no chão, cuspiu cascas de uva no sofá, molhou-se toda com água do regador de plantas. E a cada troca de fraldas, o caos!

Claro que entre uma coisa e outra houve momentos de brincadeiras, DVD...

Lá pelas tantas, durante uma troca de fraldas, eu surtei! Gritei, dedo em riste, ela gritou de volta e me apontou o dedo, eu gritei mais, falei que estava triste, que estava cansada, que ela parasse com aquilo, ela gritou de volta repetindo as minhas palavras. Numa fração de segundos eu pensei em bater na mão dela e no tempo que durou esse pensamento ela lavantou a mão para mim e me bateu.

O que dizer? O que fazer? Tantas cenas me passaram pela cabeça, tanta fúria, tanto desespero desembocaram na certeza de que eu não poderia seguir com aquilo. Então eu chorei, a peguei no colo, ela ainda gritando, esperneando, tentando me bater. Eu a beijei, pedi desculpas pelos meus gritos e ficamos as duas, ela quietinha aconchegada no meu colo, eu chorando a minha incapacidade de lidar com aquela situação. E a minha fraqueza.

Ainda hoje eu choro quando me lembro daquele dia. Porque é muito difícil romper com comportamentos enraizados na nossa memória, é muito difícil se manter calma e paciente a todo instante, é muito difícil escolher enxergar a sua filha de 2 anos como alguém que é exatamente como você, cheia de bons e maus momentos, com suas necessidades, sua incapacidade de expressar sentimentos, sua carência, enfim, escolher olhá-la como alguém complexo e não um bichinho (apesar de eu carionhosamente a chamar assim) que precisa de adestramento.

É difícil romper com a idéia de educar com o tapa na bunda, o beliscão, o castigo, e passar a ensinar com base no diálogo, no exemplo. É uma luta constante contra você mesma, que carrega a força do que viveu na infância e até mesmo contra as pessoas a seu redor, que pensam que você não está educando, não está dando limites.

Eu continuo firme, tenho meus maus momentos, que me envergonham sempre, mas eu retomo de onde parei, reforço em mim mesma as minhas convicções e conto com pessoas que pensam como eu e que, felizmente, escrevem sobre o assunto.

E sempre que eu caio, me levanto. E sempre que erro, eu peço deculpas.


terça-feira, 25 de outubro de 2011

A roda do engenho

Eu recebi esses dias um email muito carinhoso de uma amiga real - que por força da distância tem sido uma amiga virtual nos últimos meses - muito especial. Ela está grávida de seu primeiro filho e é uma das únicas (se não a única) pessoas da minha vida real com quem consigo conversar abertamente sobre as minhas escolhas em relação ao nascimento do Pedro.

Eu me lembro da primeira vez que tocamos no assunto, por mensagem instantânea, e ela me contou que estava pensando em agendar uma cesárea, pois sua DPP não era muito favorável (semana entre natal e ano novo) e sua até então obstetra já havia sinalizado a possibilidade de não estar presente.

Eu, que ainda não estava grávida do Pedro, mas já pensando em engravidar novamente, e, principalmente, já totalmente inserida nesse mundo dos partos com amor, senti uma vontade imensa de gritar nãããão, não faça isso! Eu não sei bem o que eu disse, não fui assim tão enfática, pois nunca fui do tipo militante, mas eu devo ter comentado alguma coisa sobre o parto, acho que fiquei insistindo com ela que não ficasse preocupada com a DPP, porque poderia atrasar e o filhote nascer apenas em janeiro, quando a médica já estaria de volta.

Acho que ficamos nessa por algumas mensagens ainda, ela me perguntou sobre como havia sido meu primeiro parto, eu contei como havia sido emocionante, lindo mesmo, nada falei sobre minhas atuais reflexões, mas de tanto falarmos no assunto, acabamos enveredando para o parto natural, depois o domiciliar, assim, naturalmente :)

Ela escreveu um dia numa mensagem que "depois de estudar o parto não poderia escolher voluntariamente uma cesariana, a escolha pelo parto normal/natural seria a escolha mais lógica". E como ela é uma moça letrada em lógica, esse foi o caminho escolhido. Dali para o parto domiciliar também deve ter sido uma escolha lógica, baseada em leituras e evidências, livre de preconceitos, de visões deturpadas e terrorismos que em nada nos ajudam.

Eu sempre enfatizei que a apoiaria na decisão que tomasse, como boa amiga que sou, mas que ela era uma mulher de sorte por estar em Santa Catarina, onde existem bons profissionais da área, onde partos domiciliares ganham até um Instituto e onde doulas e suas doulandas escrevem abertamente sobre o assunto.

Ao contrário dela, eu não havia sido apresentada a esse mundo quando ainda morava lá, e agora teria que mover mundos e fundos para conseguir o básico num Estado que é primordialmente cesarista, apesar de abrigar um dos profissionais humanizados mais reconhecidos do país. Isso sem contar as distâncias e o descaso com a saúde em minha atual cidade. Para quem assistiu aos telejornais ontem, Santa Vitória do Palmar é onde resido atualmente.

Mas eis que essa minha amiga foi a uma palestra com a autora do livro Parto com Amor. Imagino que a palestra deva ter sido muito boa, pois suas palavras dirigidas a mim e a minha suposta coragem e determinação de oportunizar uma experiência de nascimento para mim e Pedro diferente me emocionaram profundamente.

Na minha emoção eu só conseguia enxergar uma menininha linda e sorridente, a verdadeira heroína desta história, a roda que move o engenho da minha maternidade, que aceitou o encargo de vir ao mundo primeiro e caminhar comigo esses primeiros anos de aprendizado, de desconstrução de pensamentos enraizados por repetição, de muita dúvida, de muitos erros, de muitos choros e dualidades de sua inexperiente mãe.

Amor. Só essa palavra é capaz de explicar tudo. É ele que me invade e que me faz agir assim.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Primeira Gravidez X Segunda Gravidez

Uhuuuu! Completados os primeiros seis meses e já caminhando na primeira semaninha do sétimo mês é hora de fazer uma avaliação (sabe avaliação semestral?) sobre as nuances da primeira gravidez e desta segunda. Vamos lá?

0 a 6 semanas

ÍSIS
Nós não planejamos a primeira gravidez (sim, gravidezes surpresas ainda acontecem no século XXI), mas eu havia parado de tomar meu anticoncepcional injetável dois anos antes, impulsionada por uma greve da Anvisa, que deixou minha dose mensal de esterilidade presa na alfândega (valeu, Dona Anvisa!) seguida de uma libido aumentada sem a dose de hormônios e uma vontade louca de "desintoxicar" meu organismo, deixar ele trabalhando sozinho. A solução encontrada por mim e marido foi aquela tabelinha meia boca, sabe? Camisinha nos dias férteis, tudo liberado antes e depois. O que a gente não previa é que a natureza tem caminhos escusos para garantir a procriação da espécie e naquele mês de agosto de 2008 eu ovulei duas vezes...E aconteceu uma coisa muito legal: sabe aquelas cenas de filmes em que a mulher chora após transar com o parceiro dizendo "amor, nosso filho foi concebido hoje?". Pois é, aconteceu comigo. Marido não acreditou, afinal não estávamos no período fértil, mas...Ísis está aí para não me deixar mentir. Fiz um exame de urina com uma semana de atraso que deu tão, mas tão positivo que nem precisei confirmar com o de sangue. Era um domingo pela manhã, estávamos em Balneário Camboriu/SC e nossos sentimentos foram de surpresa (mentira, eu já sabia!), felicidade, emoção e medo. Tiramos uma foto do resultado do exame e eu coloquei a foto no meu finado orkut. O exame real está guardado dentro do álbum de fotos dela.

PEDRO
Sempre disse que engravidaria novamente, a depender da experiência com o primeiro filho, que logicamente foi muito boa; e gostaria de engravidar 2 anos após o nascimento do primeiro, então, ao contrário da Ísis, a gravidez do Pedro foi muito planejada. Ísis completou 2 anos em abril e nós engravidamos em maio. Mais uma vez eu soube que havia engravidado antes mesmo de fazer o exame, de urina novamente, com 4 dias de atraso. Era uma segunda feira, estávamos em casa no nosso intervalo de almoço e nossos sentimentos foram de felicidade, fertilidade, emoção e medo. Tirei uma foto do resultado do exame e publiquei aqui no blog. O exame real ainda está dentro da minha bolsa...

7 - 16 semanas

ÍSIS
Aqui começou meu inferno astral. Um mal estar inicial que foi gradualmente sendo substituído por um enjoo comparável apenas a minha pior ressaca de vinho, mas era uma ressaca 24x7, intolerável. E um gosto na boca que...credo, enjoo só de lembrar. Paladar alterado também aconteceu muito...ao colocar o alimento na boca aquilo parecia tudo, menos o que eu estava comendo. Um horror!

O que é isso? Vou morrer? O bebê está fazendo isso? Ele vai morrer? Isso não pode ser normal...O quê? Não tem remédio que dê jeito nesse enjoo? E o que eu faço? E os vômitos? Vomitar 6 vezes ao dia é normal? Como assim? Eu vou morrer? Essa placenta demora muito para se formar? O quê? Tenho 10 semanas ainda nesse inferno? Nunca mais quero engravidar na vida...O quê? Tem grávida que passa mal os 9 meses? Nunca mais quero engravidar na vida...

Sério, eu detestei esse início. Eu parecia um zumbi, eu tirei férias para vomitar, ao faltei ao trabalho para vomitar, e cheguei atrasada para poder vomitar em paz em casa. E tive enjoos de várias coisas insanas como: propagandas de TV (eu sentia ânsia só de ver uma de uma atriz, Lavínia não sei o quê, grávida), sites da internet (eu sempre gostei de ver blogs de tricô, mas só de ver uma lã e uma agulha corria para o banheiro), cidades (incrivelmente eu passei a sentir ânsia sempre que pensava em Balneário Camboriu), cheiros antes amados (eu amava lavanda, tinha um desses odorizadores em casa e hoje ainda não posso sentir esse cheiro), comidas e bebidas antes amadas (passei a detestar peixe, feijão, café, doces, ensopados, lazanhas).

Passava as horas vagas, entre uma vomitada e outra, deitada, conversando com o BB e explicando que aquilo tudo de ruim que eu estava pensando, falando, não tinha nada a ver com ele, mas sim com essa natureza ingrata que ainda não havia evoluído o suficiente para que eu pudesse engravidar sem passar mal.

O resultado foram 3 quilos a menos.

Tive infecção urinária.

PEDRO
Copiar e colar tudo o que eu descrevi acima, com algumas diferenças: eu sentia que comendo, mastigando algo, ficava mais fácil tolerar os enjoos; e que quando ficava de estômago vazio, a coisa toda ficava insana. Eu enjoei do cheiro da minha cozinha, eu enjoei dos livros, do tricô, feijão, ensopados, café, doces, pão, queijos, sucos, frutas (salvo maçã) e saladas cruas. Não enjoei de cheiros, salvo lavanda.

Por conta das mastigadas constantes eu vomitei menos, mas a sensação era de que eu passava mais tempo no auge do enjoo. Apesar disso, psicologicamente, eu me senti melhor, porque já não era novidade para mim e havia sido um risco calculado na fase de preparação para a segunda gravidez. Eu engravidei sabendo o que poderia passar nos meses iniciais.

O resultado foram 3 quilos a mais.

Tive infecção urinária.

17 a 24 semanas

ÍSIS
Nas primeiras semanas fui deixando de vomitar, passando a um leve enjoo, depois mais 15 dias de azia forte, para em seguida...nada! Passei a curtir, enfim, a gravidez, a barriga começou a aparecer bem redonda, alta. Comecei a fazer hidroginástica para gestantes, drenagem linfática, pensar na decoração do quarto, que queria que estivesse pronto até o sétimo mês, comprar as roupinhas, acessórios. Marido e cunhados pintaram o quartinho de lilás e decoramos com o tema "fundo do mar", baseados num quebra cabeças da Grow, que eu e marido montamos especialmente para o quarto dela.

Não tive grandes alterações de humor e descansava bastante. As dores na lombar que começaram a aparecer por volta do quinto mês, foram embora com a hidro. Não tive grandes desejos alimentares, salvo frango à passarinho!

O nome foi escolhido no dia do ultrassom em que saberíamos o sexo. Até aquele dia eu pensava que a Ísis era um menino, mas, incrivelmente, não conseguia chamar o bebê de Pedro, nome escolhido desde sempre. Ísis nunca foi um nome previamente pensado por nós como possibilidade para filhas meninas, mas marido sonhou com esse nome, me contou naquela manhã e eu senti que era Ísis o nome da nossa pequena assim que ouvi.

Ganhei 9 quilos desde o início da gestação (3 perdidos no início + 6 quilos).

PEDRO
Eu já não vomitava muito, então a transição não foi bem sentida nessa segunda gravidez. Com 18 semanas eu ainda enjoava, mas já não tinha tanta necessidade de mastigar para ficar melhor. Passei a aceitar os alimentos antes recusados, principalmente as frutas cítricas (teve uma tarde que comi 3 laranjas seguidas!) e as saladas. Leite e queijo ainda são um probleminha, mas eu como todos os dias, assim como o feijão e os doces. Ainda sinto muita azia, sofro horrores com gases, não tolero muito líquido e, devido ao frio que faz aqui e a necessidade de usar muitas roupas e sapatos fechados, sofro mais com inchaços.

Não consigo me exercitar regularmente, tento caminhar de vez em quando, fazer alguns exercicios de yoga para gestantes, mas só consigo manter a drenagem, desta vez 2 vezes por semana. É o que me salva. A consequência são muitas dores nas costas.

Eu tenho mais alterações de humor. Passo da euforia à raiva, desta à tristeza profunda para dali a pouco ficar eufórica novamente. Tive - e ainda tenho - vários desejos alimentares não saciados. Será que o Pedro vai nascer com cara de supermercado? O-O

A barriga veio crescendo diferente, mais para frente, mais baixa, num formato totalmente diferente da primeira...será que é verdade isso de que barriga de menina é redonda e barriga de menino é pontuda? Não sei se tem fundamento, mas minhas barrigas foram diferentes...

Eu sinto muito mal estar após as refeições e muito mais fome que no mesmo período da primeira gravidez. Incrivelmente, o resultado até o momento foram 6 quilos a mais, talvez porque eu não tenha perdido nada nas primeiras semanas.

Eu não descanso como deveria/gostaria, não passo hidratante no corpo e barriga com a mesma regularidade, não tenho tempo de ficar horas filosofando com a barriga debaixo do chuveiro, não tiro sonecas.

Não conseguia me decidir por nomes de meninas, antes de saber o sexo, mas já pensava firmemente em Pedro desde o início. Desta vez não tive palpites ou intuições furadas...salvo a incompetência por me decidir por um nome feminino, o descobrimento do sexo do nosso segundo filho foi realmente uma surpresa.

O quartinho dele ainda não está pronto, salvo os móveis que eram da Ísis, e que serão dele agora. Ele ainda não ganhou roupinhas, acessórios, decoração. Já bolei tudo na minha cabeça, mas já não tenho mais o mesmo tempo disponível da primeira gravidez para arrumar tudo. Espero conseguir deixar o quarto pronto antes do nascimento!

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